segunda-feira, 27 de junho de 2022

O Brincar de Crianças Autistas.

       O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que compromete algumas áreas cognitivas e comportamentais. Os primeiros sinais podem surgir antes dos 3 anos, como dificuldades na interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. O brincar no autismo pode ser uma atividade restrita e peculiar, dependendo das características de cada criança e dos estímulos que recebe. 

    O brincar é uma atividade alterada pelas características do TEA, pois os padrões de comportamento e interesses restritos podem desencadear uma rigidez nas ações e em diversos aspectos de funcionamento diário, como padrões de brincadeiras. Segundo o DSM-V, as brincadeiras imaginativas estão ausentes ou com prejuízos no autismo. Assim como os jogos de imitação e rotinas simples da infância são vividos fora de contexto ou de um modo mecânico. Muitos estudos relatam a dificuldade das crianças com autismo em interagir com os pares nas brincadeiras. Assim como apresentam habilidades sociais limitadas, o que faz com as crianças com TEA demonstrem, muitas vezes, ter mais interesse pelos objetos do que pelas pessoas. 

   As crianças com autismo costumam brincar sozinhas e apresentam movimentos repetitivos, como girar as rodinhas de um carro de brinquedo. Esses objetos despertam seu interesse, pois podem ser manipulados por um longo período, ainda que o uso que fazem deles seja restrito e repetitivo. Esse comportamento leva, muitas vezes, à falta de novas estimulações vindas dos adultos, pais, cuidadores e responsáveis. Quando esta atividade — o brincar — não é significada, nem transformações são incentivadas, isso resulta em um brincar limitado e empobrecido. 

    O diagnóstico de autismo não pode ser um fator limitante, pois isso prejudica o desenvolvimento psíquico da criança. Enquanto a criança com desenvolvimento típico desenvolve o brincar naturalmente, esse processo não é tão simples nas crianças com autismo. Pode ser um processo longo, com dificuldades que podem levar os pais a se sentirem frustrados, que acabam desacreditando na importância do brincar. Segundo Vygotsky, o brincar é fundamental para o desenvolvimento psíquico de qualquer criança. Através das brincadeiras a criança pode reproduzir as situações vividas, agindo de maneira imaginativa para assimilar suas experiências e desenvolver a criatividade. Na brincadeira, a criança encena e dramatiza sua realidade e a ressignifica, o que contribui com o seu desenvolvimento. 

    Para brincar, a criança aprende a agir e a dar significado a experiências, sentimentos e emoções. A imaginação é uma atividade psíquica complexa e fundamental na infância. O afeto também está presente na relação entre imaginação e realidade. A imaginação é fundamental para a criatividade e amplia a assimilação das experiências vividas. Embora as crianças com autismo possam ter mais dificuldade nas interações sociais, isso não as impede de brincar. Na verdade as atividades lúdicas são essenciais para o seu desenvolvimento, assim como para o de qualquer criança.  




    O brincar ajuda no neurodesenvolvimento das crianças, pois estimula a interação, o desenvolvimento cognitivo e a consciência corporal. É muito importante estimular as crianças com autismo a brincar com seus colegas, de forma lúdica, sem forçá-las. Gradualmente, elas se sentem mais confiantes para se relacionar com o outro, desenvolvem habilidades como atenção, concentração, percepção e linguagem. O brincar também favorece o desenvolvimento motor e a noção de espaço, habilidades que devem ser estimuladas desde quando as crianças são pequenas. 


    Geralmente o interesse dos indivíduos autistas é focado em objetos, que podem ser manipulados por longos períodos. Há comprometimento de muitas funções, entre elas o brincar simbólico, que se caracteriza por recriar as vivências da criança por meio da fantasia, favorecendo a interpretação e a ressignificação do mundo no qual ela vive. A brincadeira da criança autista está marcada por atividades repetitivas, estereotipadas e sem diversidade. O desenvolvimento das crianças autistas é singular e precisa ser bem orientado. Para trabalhar com alunos com autismo precisa-se levar em conta as características da criança, suas limitações, suas vivências e seu relacionamento com o meio. Mediante esse processo é possível desenvolver práticas adequadas a cada criança especificamente, uma vez que, assim como qualquer ser humano, cada criança autista é única e apresenta características próprias. Com isso, percebe-se que os mediadores do processo de ensino-aprendizagem têm papel relevante no desenvolvimento dessas crianças. 






ACADÊMICA: LARA MERCY DA S. P.

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