sábado, 12 de setembro de 2015

Relato da Reunião em 08/09/15


Neste encontro estiveram presentes alunos de graduação e egressos da UEG, assim como também professores da Rede Pública de Ensino e professores da própria UEG, onde todos(as) puderam contribuir grandemente nos debates e discussões sobre o texto de Vigotski: "A Brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança". A intenção é mesclar as leituras do Livro "Psicologia Pedagógica" de L.S. Vigotski com outros textos e artigos deste mesmo autor, observando as diferenças cronológicas de cada texto escrito pelo autor.
Neste texto, Vigotski descreve a importância do imaginário na vida da criança. O autor destaca que o mundo infantil não é um mundo à parte ou desconectado do real, mas que existe a partir do real, onde a criança não apenas repete o vivido, mas cria e recria o próprio vivido.

"A imaginação é o novo que está ausente na consciência da criança na primeira infância, absolutamente ausente nos animais, e representa uma forma especificamente humana de atividade da cosnciência; e como todas as funções da consciência, forma-se originalmente na ação."(p.25)

Para Vigotski todo jogo possui regras e também elementos do imaginário. As brincadeiras de faz-de-conta, por exemplo, possuem regras que são apropriadas através da própria vida social, os chamados códigos sociais são apropriados e internalizados pela criança em seu cotidiano e no próprio ato de brincar. Os jogos regrados, como o jogo de xadrez, que possui regras bastante rígidas, também possui elementos do imaginário em sua execução.

"(...) pois bem, recentemente, obtivemos a comprovação de que a chamada brincadeira pura com regras (do escolar e do pré-escolar até o fim desta idade) consiste, essencialmente, na brincadeira com situação imaginária, pois, exatamente da mesma forma como a situação imaginária contém em si, obrigatoriamente, regras de comportamento, qualquer brincadeira com regra contém em si a situação imaginária (...) Qualquer brincadeira com situação imaginária é, ao mesmo tempo, brincadeira com regras e qualquer brincadeira com regras é brincadeira com situação imaginária" (p.28)

Segundo Vigotski, a criança na chamada primeira infância age sempre em função do que vê, ou seja, suas ações ficam presas ao campo ótico (visual). Porém, já na idade pré-escolar, ocorrre uma reviravolta, pois a criança ao brincar consegue separar o campo ótico do campo semântico, separando de fato o objeto da idéia. O autor cita o exemplo da vassoura, que no brincar transforma-se em um cavalo para a criança, promovendo a ruptura entre objeto e significado. Tal fato decorre do desenvolvimento das funções simbólicas da criança, onde o brincar se torna elemento fundamental e relevante neste processo.